uma reflexão...

num comentário a um post (Propriedade intelectual (de dois ou três)) no blog debuxos, de Álvaro Iriarte Sanromán, inseri o seguinte texto, que gostava de partilhar convosco:

«parece-me pertinente, a par desta reflexão, que se reflicta sobre o controlo da internet e o monopólio da rede, que depende quase exclusivamente dos EUA. lembro-me que, há umas semanas, se deu um "apagão" em algumas regiões da Ásia, com repercussões - ainda que minim(izad)as - no mundo financeiro. nessa altura, não sei se no "clube de jornalistas", na dois, foi explicada a dependência mundial das estruturas norte-americanas. ao que parece, a "rede" ainda não se democratizou - alguns já o sabiam - e, sobretudo, ainda não se globalizou.
não me parece apropriado falarmos de uma rede mundial quando, na verdade, nem todas as fontes são hubs com o mesmo peso; pelo contrário verifica-se um cada vez maior predomínio da "fonte EUA", que nos tenta convencer que é você/nós ("you") que faz mexer a net. fazendo aqui a ponte ao tag "neocolonialismo" que rotula este post, estamos perante uma clara forma de colonização, que é tão mais perigosa (que outras do passado, talvez) quanto procura conseguir (consegue?) dominar a propriedade intelectual a uma escala planetária, cousa esta que, possivelmente, nunca esteve tão perto de ser conseguida, nem pelos últimos ditadores do século passado. face a isto, vimos recentemente (a partir de meados do último ano, creio) outras potências hegemónicas, profundamente reduzidas (relativizadas...) no seu peso na cena internacional, tentarem um equilíbrio - escrevo-o com reservas! - nos media, de forma preponderante na net e na TV, por satélite, com o lançamento de um motor de pesquisa "europeu" e um canal de notícias. refiro-me,naturalmente, à França e à Alemanha. ambas com uma agenda, no que toca a política externa, profundamente determinada por questões internas mais ou menos antigos, mais ou menos passíveis de serem resolvidos com uma afronta ao poderio mediático dos EUA. no que toca à Alemanha, que conheço melhor, há claramente questões de identidade, de agenda política interna, que levam a uma procura de protagonismo e liderança no palco europeu e mais além.
sem me alongar mais, agradeço comentários.»

pensei que este tipo de texto teria lugar aqui; por ter a ver com relações de poder, cultura, informação, Europa, Alemanha... e pelo post que o originou, que contém uma interessante citação em espanhol. fica o conselho: vale a pena visitar o site do professor Sanróman.

Kommentare

Álvaro hat gesagt…
Como resposta ,ocorre-se-me este pequeno fragmento da versão espanhola da obra de Joost Smiers (2006) Un mundo sin copyright. Artes y medios en la globalización. Barcelona: Gedisa:

“… há muitas boas razões para deitar para o lixo o nosso actual sistema de copyright. É claro que os artistas sentir-se-iam ameaçados por um acto tão radical. Afinal, sem o copyright, perderiam todos os seus meios de subsistência. Não é?
Bom, não necessariamente. Vejamos, em primeiro lugar, alguns números.
As investigações dos economistas demonstraram que apenas 10% dos artistas fica com 90% das receitas por copyright, e que 90% dos artistas tem que partilhar o 10% da receita que resta.
Por outras palavras: para a imensa maioria dos artistas, o copyright apenas oferece vantagens financeiras mínimas.
Além disso, há outro fenómeno peculiar: a maior parte dos artistas tem algum tipo de acordo com a indústria cultural. Como se estes dois grupos tivesse qualquer interesse comum! Por exemplo, GEMA, a entidade alemã gestora de direitos, envia perto de 70% das receitas por direitos de reprodução para o estrangeiro, nomeadamente para os Estados Unidos da América, onde residem vários dos maiores conglomerados culturais do mundo. Neste processo, o artista médio nem aparece.

O fragmento, traduzido por mim, foi tomado de Abandonando el copyright: una bendición para los artistas, el arte y la sociedad (via Blog de El futuro del libro: Un mundo sin copyright).

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